terça-feira, 23 de outubro de 2012

Descobrindo a leitura



Inicialmente quero parabenizar a Inês e a Silva por estes depoimentos corajosos e cheio de significados e imagens. Com destaque para a declaração importantíssima da Silva:  "À partir da 5ª série tínhamos que ler os livros indicados pela professora de Língua Portuguesa e fazer as fichas de leitura. Assassinaram meu gosto pela leitura, tive que ler livros e autores que não gostava, perdi o interesse e deixei de ler por prazer"(Sic). Em Setembro deste ano, uma das escolas onde trabalho (MIzuho Abundância), por meio da mediação da coordenação junto à direção, permitiram que um HTPC especial, fosse destinado ao desenvolvimento de oficina relacionada à leitura. Disponível em: nonnattofilhos.blogspot.com, na ocasião propus que os participantes fizessem uma introspecção para localizar em que momento da vida lhes envolveram no mundo da leitura e por quem. Os relatos foram diversos, evidentemente. Uns apontaram a escola como instituição que oportunizou seu ingresso no mundo  da leitura, outros relataram que foi a professora do pré, outros apontaram, como a Sílvia que a escola prestou, na verdade, um grande desserviço para eles no mundo da leitura. 
Eu relatei que a escola, para mim, teve papel periférico no que diz respeito ao incentivo à leitura, a oportunizar a magia da leitura, tão hóspede do discurso dos professores.[...] Sou migrante, conforme já citei em outro depoimento, nasci no Estado do Piauí, numa cidade chamada Regeneração, em 1988, desembarquei em São Paulo e morei com outros colegas do Piauí. Tinha um deles que vivia com a cara enfiada em livros, aquilo me intrigava e ao mesmo tempo agussava minha curiosidade: o que tem de tão importante ali? Para encurtar a conversa comecei  a dialogar com ele para a saber do que se tratava, ele me disse que: "esses livros davam dicas de como ter sucesso com as mulheres, você passa a ter mais ideia na hora de "chavecar" uma menina, por que você não ler também?" Como eu era e continuo sendo tímido, pensei: é agora. Passei a ler uma coleção de livros chamada Sabrina. Achava aqueles livros super bacanas, de fato tratavam de relacionamentos amorosos. Com o tempo percebi que tinham um formato específico: começavam com um casal se esbarando e se odiando, para no final se encontrarem e viver felizes para sempre, para mim essa leitura teve prazo de validade. À época  tinha 17 anos, logo passei a buscar leituras que trouxessem novos significados para mim, apresentassem um grau de dificuldade maior, diferente daquele famoso pastelão. Alcei voos enormes em relação a leitura, já li vários dos, considerados, maiores pensadores brasileiros e internacionais. Quero, para terminar retomar a Sílvia e fazer um pedido àqueles que têm o papel de mediar a leitura; não obriguem seus alunos a lerem o que acha que é legal para eles, porque nem mesmo você escolhe o que quer ler. Neste final de semana encontrei esse amigo piauiense e disse para ele que cheguei a uma conclusão em relação a escolha de leituras: não sou eu que escolho o que quero ler, são os textos que me dão o prazer de lê-los, acreditem são os textos que nos escolhem,  não ao contrário como muitos pensam. Portanto não tentem limitar o que esta ou aquela série deve ler, deixem que os textos os escolherão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário